viagem referencial

Orlando Azevedo

Junho / 1998

 

As nucas feito paisagens nuas e solitárias contemplam horizontes de ansiedades.

Espaço desconhecidos do inconsciente, estradas de emoção de busca e tensão.

Estátuas quase brancas de mármore em que o pó se funde ao funde ao sonho e a fronhas de rendas brancas.

Adormecer e amortecer as cicatrizes do último pesadelo.

O roteiro visual de Rogério Ghomes tem a marca contínua da obsessão.

Há uma estada guiada pela conduta exemplar do autor buscando sempre novas leituras de sua personalidade e de sua individualidade.

Por outro lado, os ciclos de seu processo de criação mantêm uma identidade que se interligam num percurso condutor de um olhar que discute estradas quase sempre infinitas. O duelo entre dualidade e a realidade tão presente e forte em seus trabalhos iniciais são preenchidos agora pelo movimento da poética da celebração.

As fronhas e a nebulosidade branca do pó despertam de sua letargia e são agora palco de nuvens que flutuam leves e cósmicas. O vento que rasga os vidros e a velocidade dos campos gerais plenas e imensos são glaciares escultóricos de mistério e sabedoria.

Rogério Ghomes incorpora a ritualidade da espiritualide.

A corporalidade despe a tensão,

O tesão maior da aceitação.

Respirar dos poros feito seiva e nervuras de artérias desconhecidas,

O passado do artista tinha a presença constante do vazio e a sombra da angústia.

Espaços brancos, asilos hospícios de tatuagens e totens nos desertos da memória.

Havia sempre a sensação de abandono e frio.

Agora o rio corre solto. Há música, alegria e festa.

Preferencial de deslocamentos e imagens fragmentadas de pensamentos.

O autor divide o palco de suas emoções e convida o olhar  e mergulhar no voo da sua viagem.

Dos acidentes das trevas e da morte a lama do artista ressurge luminosa, transparente e leve.

fotos: Gilson Camargo

 

ALMA (1998)
Fotografia, vidro jateado, 124 x 124 cm, Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo.- MAM SP